terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Natal antigo, de sonho; e Natal do futuro, miserabilista

Poucos dias antes do Natal apareceram em pontos da cidade de São Paulo, às vezes próximas de enfeites verdadeiramente esplendorosos, arvores de Natal de lixo!
Pasmem! Verdadeiros totens de lixo que servem apenas para irradiar a mensagem: “Preparem-se para um futuro cada vez mais socialista, ateu e desprovido de qualquer maravilhoso. As expressões do belo darão lugar a expressões de pobreza sem graça, sem valor e sem nada de esplendoroso.”
É o rumo que vai sendo impingido a todos nós.
Se chegaremos até lá é outra coisa, pois temos um Deus que vela por nós e no momento exato saberá mostrar que existe e sabe fazer sentir o Seu poder.
Talvez uma pequena manifestação da imortalidade do maravilhoso seja a nostalgia que de vez em quando aparece.
Assim, em meio a um emaranhado de notícias entristecedoras e de incontáveis manifestações ofensivas ao verdadeiro espírito de Natal, um artigo merece atenção especial.
O Sr. Rubem Alves publicou na Folha de São Paulo, dia 23, uma bem narrada nostalgia do tempo em que havia restos consistentes de felicidade e alegria.
Nostalgia que para os que têm esperança em Fátima, reboa como prenuncio de um futuro muito diferente daquele com o qual sonham os miserabilistas progressistas e socialo-comunistas.


O presépio
A contemplação de uma criancinha amansa o universo. O Natal anuncia que o universo é o berço de uma criança
MENINO, LÁ EM MINAS , eu tinha inveja dos católicos. Eu era protestante sem saber o que fosse isso. Sabia que, pelo Natal, a gente armava árvores com flocos de algodão imitando neve que não sabíamos o que fosse. Já os católicos faziam presépios.Os pinheiros eram bonitos, mas não me comoviam como o presépio: uma estrela no céu, uma cabaninha na terra coberta de sapé, Maria, José, os pastores, ovelhas, vacas, burros, misturados com reis e anjos numa mansa tranqüilidade, os campos iluminados com a glória de Deus, milhares de vaga-lumes acendendo e apagando suas luzes, tudo por causa de uma criancinha. A contemplação de uma criancinha amansa o universo. O Natal anuncia que o universo é o berço de uma criança.Até os católicos mais humildes faziam um presépio. As despidas salas de visita se transformavam em lugares sagrados. As casas ficavam abertas para quem quisesse se juntar aos reis, pastores e bichos. E nós, meninos, pés descalços, peregrinávamos de casa em casa, para ver a mesma cena repetida e beijar a fita.Nós fazíamos os nossos próprios presépios. Os preparativos começavam bem antes do Natal. Enchíamos latas vazias de goiabada com areia, e nelas semeávamos alpiste ou arroz. Logo os brotos verdes começavam a aparecer. O cenário do nascimento do Menino Jesus tinha de ser verdejante.Sobre os brotos verdes espalhávamos bichinhos de celulóide. Naquele tempo ainda não havia plástico. Tigres, leões, bois, vacas, macacos, elefantes, girafas. Sem saber, estávamos representando o sonho do profeta que anunciava o dia em que os leões haveriam de comer capim junto com os bois e as crianças haveriam de brincar com as serpentes venenosas. A estrebaria, nós mesmos a fazíamos com bambus. E as figuras que faltavam, nós as completávamos artesanalmente com bonequinhos de argila.Tinha também de haver um laguinho onde nadavam patos e cisnes, que se fazia com um pedaço de espelho quebrado. Não importava que os patos fossem maiores que os elefantes. No mundo mágico tudo é possível. Era uma cena "naif". Um presépio verdadeiro tem de ser infantil.E as figuras mais desproporcionais nessa cena tranqüila éramos nós mesmos. Porque, se construímos o presépio, era porque nós mesmos gostaríamos de estar dentro da cena. (Não é possível estar dentro da árvore!).Éramos adoradores do Menino, juntamente com os bichos, as estrelas, os reis e os pastores.Será que essa estória aconteceu de verdade? Foi daquele jeito descrito pelas escrituras sagradas? As crianças sabem que isso é irrelevante. Elas ouvem a estória e a estória acontece de novo. Não querem explicações. Não querem interpretações. A beleza da estória lhes basta. O belo é verdadeiro. Os teólogos que fiquem longe do presépio. Suas interpretações complicam o mundo.O presépio nos faz querer "voltar para lá, para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiqüíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer. Nós também somos de lá. Estamos encantados. Adivinhamos que somos de um outro mundo." (Octávio Paz )Seria tão bom se os pais contassem essa estória para os seus filhos!

Presépio das Casas Pernambucanas na Rua da Consolação.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Os Natais que não existem mais...; mas que voltarão...






“Os senhores não pegaram esse traço que havia nos antigos natais que eu peguei, no tempo em que o Natal tinha uma sacralidade que os senhores não podem ter idéia!
“No meu tempo, nos dois ou três dias que precediam o Natal, já um certo aroma da atmosfera natalina começava a envolver a cidade.




“No centro velho da cidade, havia casas que vendiam brinquedos. Tinham na vitrine um presépio, e um gramofone que tocava músicas: eram as músicas de Natal...







“Quando chegava a noite de Natal, as famílias todas começavam a ir em grupo para a igreja, devagarzinho, na noite.... na paz, naquele andar, assim, devagar...
“Batem os sinos! Dentro da igreja começam a cantar os cânticos de Natal. É a missa que começa. Tinha-se a sensação de uma graça que vinha de uma altura, mas de uma altura!..









“Era uma graça que enchia as pessoas de disposições de espírito, que parecem incompatíveis, mas que convivem maravilhosamente:
“A noção recolhida, humilde e enlevada do sublime; e de outro lado, a doçura de quem recebe uma misericórdia sem limites.

“Era uma coisa que é preciso ter visto. Os natais, depois, não tiveram mais isso. Talvez de nada na minha infância eu tenha tanta saudades quanto desse aroma, dessa graça de Natal.” (Plinio Corrêa de Oliveira 5/1/1989)