segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Tiro de misericórdia na instituição da família e motivos de esperança

Em artigo publicado no The New York Times (7/9/2015), a colunista Claire Cain Miller narra que, segundo uma pesquisa produzida pela Harvard Business School, 37% das jovens da geração do milênio, 42% das quais já casadas, planejam interromper sua carreira para se dedicar mais à família.
Eis uma novidade conservadora a mais não poder. Não é de agora que algo está mudando profundamente no comportamento da opinião pública ocidental.
Parece que as novas gerações estão descobrindo que o matrimônio deve ser vivido como uma perfeita equipe, onde cada um dos cônjuges cuida de uma parte das obrigações familiares. Assim, cada um não precisa se preocupar com as obrigações da outra parte e pode se dedicar com determinação ao que lhe compete. Estão redescobrindo o óbvio, abandonado pelas gerações anteriores.
Um modismo ultrapassado e ilusório introduziu a falta de amor verdadeiro na família, criando a desconfiança mútua que induziu incontáveis famílias a se divorciarem. Divorciando-se vinha a pergunta: como a mulher devia se manter? E as crianças?
Nasceu a necessidade de ambos os cônjuges se prepararem para ter autonomia caso a separação viesse, e ela veio cada vez mais. E as crianças? Foram relegadas às creches ou algo parecido.
Pobres crianças! Entregues a zeladoras organizadas para administrar a população infantil como um rebanho e não com o desvelo materno exclusivo (que muitas monitoras de crianças nem tem). Longe do lar, de quem as crianças vão receber aquela matriz de bondade e dedicação heroicas que só as mães podem proporcionar? Onde haurir aquele desinteresse, aquela generosidade e aquele amor vinte e quatro horas por dia? O que a mãe proporciona, a “tia” jamais conseguirá igualar.
E quem vai preencher para a criança o papel que só o pai pode preencher? Quem é, para a criança, o herói? Quem é o protetor natural, quem representa para os filhos o forte, o corajoso, o decidido, o invencível? Vivendo e se formando dentro do rebanho de uma creche, os filhos não terão esse herói do bem, esse modelo de virtudes que é o complemento ideal da mãe.
Pai e mãe em conjunto são os únicos que podem proporcionar as virtudes indispensáveis para sufocar certos males sociais como a criminalidade, a droga, a imoralidade etc., pois só com o caráter adquirido numa família verdadeira os futuros brasileiros e brasileiras sobrepujarão a terrível destruição ocasionada pela revolução cultural. Os fatos pululam nos jornais todos os dias confirmando esta afirmação.
Evidentemente cabe à Igreja a parte necessária de uma real formação religiosa e moral para que a benção de Deus seja abundante nas famílias. Embora a Igreja seja hoje a grande derrotada, pois a liquidação das famílias, a imoralidade, as drogas etc., são do campo religioso e moral que estão, por ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, a cargo dela. Mas esta não é matéria para este artigo.
A verdade inegável é que o divórcio não foi o termino da destruição da família – Um abismo atrai outro abismo, dizem as escrituras – mas ele se generalizou de tal maneira que a família está quase extinta dando lugar à tentativa, por parte de inimigos de Deus, de eliminar até a ideia de família criada por Ele. Atribui-se a classificação de família a qualquer união estável entre homens ou entre mulheres. Daqui a pouco, por que não, até entre seres humanos e animais etc.
Por brevidade faço apenas referência à esdruxula Ideologia de Gênero, que é uma visão do ser humano e da família tão contrária à ordem natural que tem como pressuposto o enlouquecimento das pessoas para tornar-se realidade. Teoria esta que vai sendo, mesmo contra a lei, aplicada em várias escolas sob o olhar pusilânime de autoridades civis e religiosas.
Mais ainda. Hoje em dia nada se encontra mais débil do que a família. E nada necessita mais de um socorro e de um soerguimento urgentíssimo do que a família. Neste sentido causou imensa perplexidade em muitas pessoas, até do alto clero, o inexplicável Motu Próprio do Papa Francisco facilitando ainda mais o desmanche das famílias. Foi um verdadeiro tiro de misericórdia na sagrada instituição da família. A situação clama exatamente pelo oposto, por uma reeducação religiosa e moral tendo em vista o sólido soerguimento da família. Ficamos atônitos…

O que nos consola e enche de esperança é que, conforme mencionamos no primeiro parágrafo, a geração do milênio está esboçando a “volta à casa paterna”. E se tal movimento for motivado interiormente por Nossa Senhora a vitória está garantida. É o que esperamos.