O explícito apoio e estímulo dado no Vaticano pelo Papa
Francisco ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST - Via
Campesina), cujos membros são conhecidamente comunistas, invasores de terras, violentos
destruidores de bens alheios legítimos, que há décadas vêm tentando realizar
sem sucesso uma Reforma Agrária baseada em princípios opostos à doutrina
católica, principalmente no que tange à propriedade privada, causou-me, e a
muitos, uma imensa perplexidade!
Sempre fui anticomunista em razão de minhas convicções
católicas. É porque católico, é em nome dos princípios católicos, que sou anticomunista.
Aliás, muitos católicos são como eu.
Diante do apoio claro dado por Francisco ao ultra
esquerdista Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, nós, católicos
anticomunistas, ficamos num dilema: como explicar nossa posição enquanto
católicos? Nossa atuação fica sujeita a
uma objeção supremamente embaraçosa: a ação anticomunista que efetuamos não
conduz a um resultado precisamente oposto ao desejado pelo Vigário de Jesus
Cristo?
Resta-nos, enquanto católicos anticomunistas, cessar nossa
atuação ou dar uma explicação:
Inspiro-me no profético manifesto
de Plinio Corrêa de Oliveira, escrito em 1974, diante da catastrófica política
de Paulo VI de distensão com os governos comunistas.
“Cessar a luta, não o podemos. E é por imperativo de nossa
consciência de católicos que não o podemos. Pois se é dever de todo católico
promover o bem e combater o mal, nossa consciência nos impõe que defendamos a
doutrina tradicional da Igreja, e combatamos a doutrina comunista.
“O mundo contemporâneo ressoa por toda parte com as palavras
"liberdade de consciência". São elas pronunciadas em todo o Ocidente,
e até nas masmorras da China... ou de Cuba. Muitas vezes essa expressão, de tão
usada, toma até significados abusivos. Mas no que ela tem de mais legítimo e
sagrado se inscreve o direito do católico, de agir na vida religiosa, como na
vida cívica, segundo os ditames de sua consciência.’
“Sentir-nos-íamos mais agrilhoados na Igreja do que o era
Soljenitsin na Rússia soviética, se não pudéssemos agir em consonância com os
documentos dos grandes Pontífices que ilustraram a Cristandade com sua
doutrina.’
“A Igreja não é, a Igreja nunca foi, a Igreja jamais será
tal cárcere para as consciências. O vínculo da obediência ao Sucessor de Pedro,
que jamais romperemos, que amamos com o mais profundo de nossa alma, ao qual
tributamos o melhor de nosso amor, esse vínculo nós o osculamos no momento
mesmo em que, triturados pela dor, afirmamos a nossa posição.’
“Neste ato filial, dizemos ao Pastor dos Pastores: Nossa
alma é Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos
mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto
nossa consciência se opõe.’
“Sim, Santo Padre – continuamos – São Pedro nos ensina que é
necessário "obedecer a Deus antes que aos homens" (At. V, 29). Sois
assistido pelo Espírito Santo e até confortado – nas condições definidas pelo
Vaticano I – pelo privilégio da infalibilidade. O que não impede que em certas
matérias ou circunstâncias a fraqueza a que estão sujeitos todos os homens
possa influenciar e até determinar Vossa atuação. Uma dessas é – talvez por
excelência – a diplomacia. E aqui se situa a Vossa política de distensão com os
governos [e líderes] comunistas.
“Aí o que fazer? As laudas da presente declaração seriam
insuficientes para conter o elenco de todos os Padres da Igreja, Doutores,
moralistas e canonistas – muitos deles elevados à honra dos altares – que
afirmam a legitimidade da resistência. Uma resistência que não é separação, não
é revolta, não é acrimônia, não é irreverência. Pelo contrário, é fidelidade, é
união, é amor, é submissão.
"'Resistência' é a palavra que escolhemos de propósito,
pois ela é empregada nos Atos dos Apóstolos pelo próprio Espírito Santo, para
caracterizar a atitude de São Paulo. Tendo o primeiro Papa, São Pedro, tomado
medidas disciplinares referentes à permanência no culto católico de práticas
remanescentes da antiga Sinagoga, São Paulo viu nisto um grave fator de
confusão doutrinária e de prejuízo para os fiéis. Levantou-se então e 'resistiu
em face' a São Pedro (Gal. II, 11). Este não viu, no lance fogoso e inesperado
do Apóstolo das Gentes, um ato de rebeldia, mas de união e amor fraterno. E,
sabendo bem no que era infalível e no que não era, cedeu ante os argumentos de
São Paulo. Os Santos são modelos dos católicos. No sentido em que São Paulo
resistiu, nosso estado é de resistência.
“E nisto encontra paz nossa consciência.
“Resistir significa que aconselharemos os católicos a que
continuem a lutar contra a doutrina comunista com todos os recursos lícitos, em
defesa da Pátria e da Civilização Cristã ameaçadas.
“Resistir significa que jamais empregaremos os recursos
indignos da contestação, e menos ainda tomaremos atitudes, que em qualquer
ponto discrepem da veneração e da obediência que se deve ao Sumo Pontífice, nos
termos do Direito Canônico.”
Isso posto, recordamos aqui que Nossa Senhora nos advertiu
em Fátima explicitamente contra os erros da Rússia, ou seja, do comunismo.
Portanto, favorecer, estimular, encorajar, apoiar de qualquer maneira o
comunismo é desobedecer frontalmente a Nossa Senhora.
Lembramos ainda a imensa quantidade de documentos
pontifícios condenando o comunismo, peças do Magistério da Igreja inspiradas na
coerência doutrinária bimilenar da Igreja, assistida pelo Espírito Santo, que
poder algum pode ignorar ou invalidar.
Nossa atitude de Resistência é a expressão sincera e firme
de nossa fidelidade inabalável a Deus, à Sua Santa Igreja e ao Vigário de
Cristo na terra, abarcando todos os temas que se inserem nas circunstâncias
descritas acima.
Conscientes da imensa crise que atinge a humanidade,
especialmente nossa Santa Igreja, continuaremos nossa luta pacífica e legal,
tendo sempre presente no espírito que, quaisquer que sejam as perplexidades que
nos envolvam, manteremos nossa fé indefectível na promessa de Nosso Senhor Jesus
Cristo de que as portas de inferno não prevalecerão contra a Santa Igreja
Católica Apostólica Romana, Sua única Igreja verdadeira.