Desconcertado, eu também, com notícias recentemente publicadas
na mídia e preocupado com seu efeito desestimulante sobre os católicos
conservadores, busquei uma poltrona para espairecer. Peguei uma coleção de
escritos de Dr. Plinio Corrêa de Oliveira e me deparei com o profético artigo
escrito na Folha de S. Paulo em 1° de novembro de 1970. Incrível como me
esclareceu.
Tenho presente que toda
metáfora claudica, mas isso não impede o recurso didático a ela.
Bastou atualizar os fatos, que o discernimento se mostrou
inteiramente atual. Para que possam avaliar bem, as palavras dele eu as
colocarei em itálico, as adaptações são minhas.
“Entre lobos e ovelhas: novo estilo de relações”
“Quanto mais caminham
os fatos, mais desconcertam um setor — que creio [nada desprezível] — da opinião católica.
“Tal desconcerto, é
preciso que se diga, não decorre apenas da ação ou das omissões de tantas
autoridades pequenas, médias e altas da sagrada hierarquia. Ele sobe ainda
mais.
“Oxalá alguém me
convencesse de que são falsos os fatos meridianamente claros a meu ver, em que
me baseio para fazer esta afirmação.”
Refiro-me à carta enviada pelo Papa Francisco aos muçulmanos
parabenizando-os pelo término do Ramadan, que desconcertou não só a mim, mas
católicos do mundo inteiro.
No dia 2 de agosto, o papa enviou uma carta, escrita de
próprio punho e amplamente publicada da qual, por brevidade, extraio apenas o
seguinte: “Este
ano, o primeiro do meu Pontificado - escreve o Papa Francisco - decidi assinar
eu mesmo esta mensagem e enviá-la a vocês, queridos amigos, como expressão de
estima e amizade por todos os muçulmanos, especialmente aos líderes
religiosos”.
Ora, nós católicos estamos
nauseados pelas inúmeras notícias de perseguição aos cristãos no Egito, Paquistão,
Síria etc.
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O Padre Francisco Murad foi degolado terrivelmente, duzentas
moças cristãs estão sequestradas e serão estupradas até a morte; Ainda hoje
recebi as fotos abaixo provenientes também da Síria.
[Fotos acima: Menina também teve sua cabeça cortada pelos muçulmanos por
ser cristã]
Como não ficar desconcertado com a cordialidade demonstrada
para com esses perseguidores? E mais, para os perseguidos nenhuma palavra!
Tudo quanto acabo de dizer são fatos publicados na mídia ao
alcance de qualquer um.
* * *
Outra questão é o avanço do aborto no Brasil. Ainda durante
o “eco” da JMJ, foi sancionada uma lei que favorece enormemente a liberação do
aborto no Brasil.
E então, como não ficar desconcertado? Teria bastado uma só
palavra do Sumo Pontífice, e essa palavra foi implorada por milhares de
católicos através de um abaixo assinado ao Arcebispo do Rio de Janeiro, para
que essa lei assassina fosse barrada. Tal palavra teria evitado a sanção da lei.
A História dirá que, essa palavra, o Santo Padre não a
pronunciou, e por isto o aborto obteve um forte avanço no Brasil. É terrivelmente
doloroso dizê-lo. Mas é evidente.
Para nós católicos, como coadunar tal atitude com as
seguintes palavras de João Paulo II?
“O aborto a eutanásia
são, portanto, crimes que nenhuma lei humana pode pretender legitimar. Leis
desse tipo não só não criam obrigação alguma para a consciência, como, ao
contrário, geram uma grave e precisa obrigação de opor-se a elas através da
objeção de consciência. ...No caso de uma lei intrinsecamente injusta, como
aquela que admite o aborto ou a eutanásia, nunca é lícito conformar-se com ela,
nem participar numa campanha de opinião a favor de uma lei de tal natureza, nem
dar-lhe a aprovação do próprio voto. (Enc. Evagelium Vitae, 72)
Não bastasse isso, vejamos o que saiu no site da Veja essa
semana:
“Em uma extensa
entrevista a uma revista jesuíta publicada nesta quinta-feira, o papa Francisco
criticou o que classifica como "obsessão" dos clérigos em pregar
contra o aborto e o casamento gay - e afirmou: a Igreja Católica não tem o
direito de interferir espiritualmente na vida dos homossexuais. "A Igreja
deve ser uma casa aberta a todos, e não uma pequena capela focada em doutrina,
ortodoxia e em uma agenda limitada de ensinamentos morais", afirmou o
pontífice.”
E há ainda a questão dos ateus, dos divorciados, do
celibato...
Aqui também faço minhas as palavras do Dr. Plinio.
“Os fatos em que fundo minhas apreensões são
por demais claros para que possam ser abafados pelo berreiro de protestos
vazios, por atos de reparação ressentidos, mas falhos de qualquer base na
realidade, por estrondos publicitários ou campanhas de cochicho.
“Católico apostólico
romano, eu o fui durante toda a minha vida. Sou-o, hoje, com maior convicção,
energia e entusiasmo do que nunca. E, espero, pela graça de Deus e pela
intercessão de Nossa Senhora, que o serei mais e mais até o último alento. Por
isto, tributo do fundo de minha alma, ao Sumo Pontífice e à Santa Sé, toda a
veneração, todo o afeto e toda a obediência que lhes devo segundo a doutrina e
as leis da Igreja.
“Mas sei que, posto
diante de fatos claríssimos, não os posso negar, nem deixar de perceber suas
consequências.
E sei também que,
ainda quando admitidos os fatos irrecusáveis que acabo de enumerar e analisar,
tudo quanto a Igreja ensina sobre a infalibilidade e a suprema autoridade dos
sumos pontífices continua inteiramente intacto. Assim, estou com a consciência
à vontade ao tratar, como católico, do triste e delicado assunto.”
Pergunto: Desejará o Papa Francisco, para o mundo católico,
um "modus vivendi" com os mais irredutíveis inimigos da civilização
cristã e da Igreja Católica? “Fico a
pensar... e enquanto penso, me vem à mente uma fábula de La Fontaine.
Infelizmente, é das mais esquecidas. Mas é também das mais oportunas.
“Depois de mil anos e mais de guerra declarada,
os lobos fizeram a paz com as ovelhas.
Era, aparentemente, a felicidade dos dois partidos:
Pois, se os lobos comiam muita rês extraviada,
os pastores, da pele deles [dos lobos], para si faziam muitos trajes.
Jamais havia liberdade, nem para as pastagens [porque as ovelhas eram
devoradas],
nem, de outro lado, para as carnificinas [porque os lobos eram caçados]:
Não podiam usufruir de seus bens senão tremendo.
A paz se concluiu, portanto; trocam-se os reféns:
Os lobos entregam seus lobinhos; e as ovelhas, seus cães [os cachorros
que as guardavam].
Sendo a troca feita nas formas habituais,
e ajustada por comissários [representantes de ambos os lados].
Ao fim de algum tempo, quando os senhores lobinhos
se viram lobos perfeitos e ávidos de matança,
valem-se do tempo em que, no redil,
os senhores pastores não se achavam,
estrangulam metade dos cordeiros mais gordos
agarram-nos com os dentes e se retiram para os bosques.
Haviam eles avisado sua gente secretamente.
Os cães, que, sob a palavra deles, repousavam confiadamente,
foram estrangulados dormindo.
Foi isto feito tão rapidamente, que os cães mal sentiram;
foram todos feitos em pedaços; nem um só escapou.
Podemos concluir disto
que é preciso fazer aos maus guerra sem quartel.
A paz é bastante boa em si mesma;
concordo: mas de que serve ela
com inimigos sem palavra?”
Termino
ainda com as mesmas palavras de Dr. Plinio.
“Da luminosa fábula se
deduz que qualquer combinação da Igreja com os inimigos dEla não poderá ser um
"modus vivendi", mas um "modus moriendi".
2 comentários:
A julgar pelas palavras e atitudes do Papa Francisco, a situação da Igreja é gravíssima! Se não fossem as Promessas de Nosso Senhor e de Nossa Senhora em Fátima, nós, católicos Conservadores, estaríamos em total desalento. Preocupa-nos a perseguição aos cristãos católicos e ao que parece, sem uma palavra de conforto por parte da Santa Sé. Maus pastores...
Como sempre, as palavras do Dr. Plínio jamais perdem a atualidade.
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