Perto de
casa tem uma padaria muito conhecida chamada Diana, onde costumo me refugiar da
internet para tomar um café e ler um pouco. Há poucos dias estava eu mergulhado
na leitura quando percebi um vulto que se aproximou. Era o Asdrubal, ministro
da Eucaristia da igreja de Santa Genoveva, não muito distante.
Eu o tinha visto várias vezes
enquanto ministrando a Sagrada Comunhão, inclusive comunguei algumas vezes das
mãos dele porque dá a comunhão na boca, e até para quem se ajoelha, sem a menor
dificuldade. Diz ele que não compreende essa KGB eclesiástica que persegue
exatamente aqueles que demonstram maior Fé e respeito para com o Santíssimo
Sacramento.
Já havia conversado com o Asdrubal
uma ou outra vez na padaria mesmo, mas dessa vez ele estava literalmente
transtornado. Ele sabe que eu sou um tfpista e me acha muito radical,
mas, fiel à mentalidade de ouvir todos, também gosta de me ouvir, e não se
considera meu inimigo. Por isso se aproximou sem preconceito e se sentou.
Percebendo nele a aflição, as
olheiras escuras, e sua limitada cultura religiosa, optei por ser caridoso com
ele. Preciso antecipar que sua formação distorcida lhe incutira a falsa ideia
de que o Papa é infalível em tudo, e por isso também os Bispos, pelo mesmo
motivo os padres e até os sacristões. Olhou-me e foi desabafando.
“Há muitos anos sou ministro da
Eucaristia e acompanho, sem gostar muito, a “modernagem” da Igreja que está
indo longe demais. Quando foi eleito Bento XVI eu achei que as coisas iam se
consertar, ou pelo menos se deter. Acreditei mesmo nele. Ele fez o Motu Próprio
etc. Mas, de repente, renunciou. Não entendi, eu não esperava.
“Aí veio esse novo pontificado
completamente diferente de tudo o que ensinou Bento XVI e até os outros papas.
No começo fui admitindo imaginando que tudo se explicaria de acordo com o que
eu aprendi sobre a Igreja Católica.
“Mas foram sendo ditas coisas por
Francisco não como ele pertencendo à Igreja, mas questionando a Igreja em tudo.
Para ele Deus não é católico, os recasados podem comungar, a Igreja deve pedir
perdão aos homossexuais, Lutero queria o bem da Igreja etc.
“Ele censura a Igreja como se Ela
tivesse sempre errada. Visivelmente apoia os movimentos comunistas e seus
líderes que não têm nada de católico. O Stédile chegou a afirmar que “Agora nós temos Francisco. Ele acertou
todas”. E, coisa que eu não entendo, não elogia os que estão certos, os que
praticam os Mandamentos e apontam os erros dos desviados. Está tudo na mídia! Por
que isso?” Perguntou e me olhou com os olhos marejados de lágrima.
Em primeiro lugar Asdrubal, disse-lhe
eu, a Doutrina Católica de sempre ensina que nem o Papa, nem o Bispo, nem o
Padre e menos ainda qualquer leigo, são infalíveis. O Papa só o é em situações
muito especiais e não nas que têm se posto. Você está certo em analisar e
buscar uma explicação.
“Mas vejo muito conflito com a nossa
religião! Aliás como é mesmo aquele dito de Paulo VI que uma vez você me disse
e eu achei que estava exagerado?” Disse com voz meio embargada.
Então
eu lhe repeti a conhecida frase de Paulo VI: “A partir dele [do Concilio Vaticano II] penetrou na Igreja, em
proporções impensáveis, a “fumaça de
Satanás”, que se vai dilatando dia a dia mais, com a terrível força de
expansão dos gases. Para escândalo de incontáveis almas, o Corpo Místico de
Cristo entrou no sinistro processo da como que autodemolição.”
“É isso o que estamos assistindo! Paulo VI tinha
razão!” E se despediu chorando.
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