sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

PARA OS QUE CREEM E PARA OS QUE NÃO CREEM


Estamos novamente no Natal. Muitos enfeites, muitas luzinhas, muita gastança, muitos papais noéis.
A única coisa escassa é a presença daquEle que dá sentido ao Natal, o Menino Jesus, nosso Salvador e Redentor.
Quais as pessoas que ainda sabem quem Ele é? Todos Lhe pedem consolações, bens materiais, paz. Quem Lhe oferece seu amor, seu coração, sua fidelidade?
E, no entanto, Ele, embora tão doce e acessível na manjedoura, será o Juiz que dará a cada um de nós uma sentença eterna de prêmio ou de castigo! Isso é sério!
O pecado está por toda parte e a maioria vai, aos poucos, deixando de crer, por culpa da sociedade atual e da infeliz situação de muitos clérigos, por missão, guardiães da Fé e da moral.
Para firmar ainda mais na Fé aqueles que creem no Menino Jesus e para fortalecer a Fé dos incrédulos, recomendo a magnífica ficha abaixo, onde o leitor poderá ver o exemplo de uma autêntica Fé.
Preparemo-nos porque nosso futuro poderá ser mais difícil do que o da narração, mas a vitória mais espetacular.
VEM MENINO JESUS!


 O Padre Norberto, testemunha da insurreição de Budapeste em 1956, fora um dos últimos fugitivos a chegar ao campo de refugiados húngaros. O seu aspecto revelava ainda as privações, as insônias e as provas terríveis por que passara. Tinha as feições crispadas e endurecidas, e nos seus olhos havia uma expressão de fria revolta. Olhando-o, compreendi o choque psicológico que a derrota lhe causara.

Ele chegava da fogueira horrível onde se queimara a seiva ardente de almas sedentas de liberdade e de independência. Nós éramos os que, na retaguarda, nada tínhamos feito. Como começar? Como interrogá-lo? Como quebrar esse ressentimento hostil, que o seu rosto nos transmitia? Tateando, eu lhe fiz meu pedido:

— Conheço a tragédia que lhe esmagou a alma, e não quero reavivá-la. Mas peço-lhe que me fale da resistência espiritual do povo húngaro, da sua vivência, a despeito da derrota...

Transcrevo a seguir, com suas próprias palavras, o depoimento do Padre Norberto.

Vivi horas de esperança e de terror, mas o que mais me impressiona não é o sacrifício heroico dos adultos, e sim a coragem, a resistência das crianças, a grandeza das suas atitudes e das suas palavras. Dão lições aos grandes, e em seguida permanecem pequeninos, simples, humildes.

Na escola da paróquia da qual fui expulso deu-se um fato surpreendente. O que aconteceu não poderia ser a alucinação coletiva de trinta e duas crianças e da sua professora, mas tem que ser aceito como um fato.

Gertrudes, a professora da escola, era uma ateia militante. Todas as suas lições giravam em torno da impiedade e da negação de Deus. Tudo lhe servia para denegrir, ridicularizar ou conspurcar a nossa Religião. O seu programa de ensino era simples: arrancar da alma das crianças a fé e formar legiões de pequeninos "sem Deus". As crianças, intimidadas, não ousavam defender-se. No entanto, as suas famílias eram católicas e profundamente crentes nas suas práticas religiosas.

Eu era o cura da igreja paroquial, e reunia essas crianças para as lições do catecismo. Na Hungria, como nos outros países além da "cortina de ferro", o ensino é assim: na família, na igreja, luta-se para que a crença não se perca, mas nas escolas semeia-se e impõe-se o ateísmo. Como pode sustentar-se a criança, nessa situação tão difícil e díspar? É então que a graça se manifesta e ampara as criancinhas.

Mesmo intimidadas, elas não se deixavam convencer com as zombarias que a mestra lhes fazia. Por meu lado, eu lutava para destruir no espírito delas qualquer má semente que tentasse germinar, e as fazia frequentar os sacramentos. Coisa curiosa: Gertrudes, a professora, parecia adivinhar quais as alunas que tinham comungado, e eram essas as mais perseguidas. Certamente alguém espiava e lhe indicava as crianças... Mas a denúncia não vinha destas, sempre unidas e leais.

Na quarta classe havia uma menina de dez anos, chamada Ângela. Muito inteligente, muito bem dotada, era a melhor aluna da classe e da escola. As condiscípulas não invejavam a sua superioridade, porque ela tinha um coração de ouro e estava sempre pronta a ser prestativa.

Um dia, veio pedir-me licença para comungar diariamente. Perguntei-lhe:
— Tu sabes a que te expões?
Ela riu-se, numa expressão alegre, e respondeu:
— Senhor Padre, a mestra não conseguirá apanhar-me em falta, asseguro-lhe, e trabalharei melhor. Não me recuse o que lhe peço. Nos dias em que comungo, sinto-me mais forte. O Senhor Padre disse-me que eu devo dar bons exemplos. Para os dar, preciso de sentir-me forte...

As investidas contra Ângela revestiam-se de crueldade. A mestra esquecia o programa escolar, para espalhar em toda a classe as manhas dos "sem Deus". Ângela lutava sozinha, e nem sempre sabia defender-se. Então ficava de pé, muda, a cabecinha curvada, o peito cheio de soluços, que vinham morrer-lhe na garganta. Sua fé continuava inquebrantável, mas como podia aquela criança defendê-la, ante a perversidade daquela mulher?

Pouco antes do Natal, no dia 17 de dezembro, a professora inventou um estratagema cruel, com o qual pretendia dar um golpe mortal nas "superstições ancestrais" que infestavam a escola. E preparou a cena com todo o entusiasmo. Naturalmente, a pobre Ângela foi a vítima escolhida. Com voz doce, a professora a interrogou:

— Dize-me, minha pequena: quando os teus pais te chamam, o que fazes?
— Vou imediatamente — respondeu Ângela com timidez.
— Muito bem! Tu ouves chamar e vais logo, como filha bem educada e obediente. E se teus pais chamarem um limpa-chaminés, o que acontece?
— Ele vem — respondeu Ângela. O seu coraçãozinho pulava desordenadamente. Pressentia uma cilada, mas não sabia qual seria.

A professora tinha uma expressão falsa, traiçoeira, os olhos brilhavam como os de um gato que brinca com um ratinho. Mais tarde as alunas contaram-me também:
— Sentíamos medo. Ela tinha o ar tão mau, tão mau!...

O interrogatório continuou:
— Muito bem! Muito bem! Tu vens porque existes. O limpa-chaminés vem, porque existe. Ele existe!
Após um breve e deliberado silêncio, ela prosseguiu:
— Mas supõe agora que teus pais chamam a tua avó, que já morreu. Ela vem?
— Não, não pode vir...
— Bravo! Muito bem! E se eles chamarem o "Barba-Azul", ou a "Princesa de pele de burro"? Tu conheces essas histórias. Dize-me: eles vêm?
— Não, não vêm, porque só existem nas histórias.

Ângela ergueu os olhos para a mestra e baixou-os logo. Sentiu que o olhar dela a transpassava, lhe fazia mal. Mas o diálogo continuou:
— Esplêndida resposta! Parece que hoje estás mais esperta... Reparem, minhas filhas, reparem todas: os vivos, os que existem, respondem quando os chamam. Os outros não respondem, não vêm, porque não estão vivos ou porque não existem. Compreendem, não é?
— Sim! — responderam em coro.
— Agora vamos fazer uma pequena experiência — e voltando-se para Ângela, ordenou-lhe: — Sai, minha filha.
A garota hesitou. Depois levantou-se do banco, saiu, e a porta fechou-se pesadamente sobre a sua figurinha miúda.
— Agora, meninas, chamem-na!
— Ângela! Ângela! — gritaram trinta vozes de garotas, convencidas de que estavam participando de uma brincadeira, um jogo que as divertia. Ângela entrou, intrigada, sem saber o que pensar. A professora preparava-se manhosamente para saborear os frutos do seu maquiavélico plano.

— Afinal, estamos todas de acordo. Quando chamamos aqueles que vivem, que existem, eles vêm. Quando chamamos os que não existem, eles não podem vir. Ângela está aqui, viva, em carne e osso, ouviu que a chamamos e veio ter conosco. Suponhamos que chamássemos o Menino Jesus. Parece que há entre vós quem acredite nele...

Houve um silêncio, de medo talvez. E aquelas vozes tímidas responderam:
— Acreditamos!
— E tu, Ângela, crês que o Menino Jesus te ouve, quando o chamas?
Ângela sentiu-se bruscamente esclarecida. Eis a cilada que ela pressentira, mas da qual desconhecia a perversidade, e respondeu com ardente fervor:
— Sim! Creio que Ele me ouve!
— Muito bem! Façamos a experiência: as meninas viram que Ângela, quando a chamávamos, veio imediatamente. Se o Menino Jesus existe, Ele ouvirá que O chamam. Gritem todas, ao mesmo tempo e com força: "Vem, Menino Jesus!" Vamos! Um, dois, três! Vamos! Chamem!
As crianças baixaram as cabecinhas. Um silêncio pesado, angustioso, desceu sobre elas. Gertrudes soltou uma gargalhada prolongada, diabólica:
— Vamos! Eu quero que vocês O façam vir! Quero que me provem que Ele existe!... Ah! Não se atrevem a chamá-lo, porque sabem que o vosso Menino Jesus não virá!... E sabem por que não vem? Porque Ele não existe, não ouve, é como o "Barba-Azul", como a "Princesa de pele de burro", que são apenas mitos, histórias para as velhas contarem nos serões. Histórias que ninguém toma a sério!...

Intimidadas, as garotas continuavam caladas. Mas os argumentos da mestra as tinham impressionado, ferido em pleno peito. É preciso desconhecer a psicologia infantil, para não avaliar a angústia dessas crianças ante a argúcia duma mulher experiente e malévola, que executava um plano preconcebido. Em algumas a dúvida surgia, como me confessaram mais tarde.

— Sim! — insistia a mestra — se Ele existe, por que não vem?

Ângela continuava de pé, pálida como uma morta. As suas companheiras receavam, ao vê-la assim, que caísse ao chão. A professora saboreava a aflição das alunas. Enfim, triunfava e esmagava a fé naquelas pequeninas almas...

De repente, o imprevisto se deu. De um salto, Ângela atirou-se para o meio da sala. Nos olhos, tinha um clarão de esperança confiante. Olhou em volta e gritou:
— Ouçam-me! Vamos chamá-lo! Gritemos todas: "Vem, Menino Jesus!".
Num instante, todas se puseram de pé, com as mãos erguidas numa prece, os olhos brilhantes, os corações a pulsar numa imensa esperança. Num uníssono vibrante, as suas vozes se ouviram:
— Vem, Menino Jesus!
A professora não esperava esta súbita reação. Instintivamente recuou, com os olhos fitos em Ângela. Um silêncio profundo se seguiu, pesado como uma lenta agonia. Depois, de novo se ouviu aquela vozinha de cristal:
— Vamos! Chamemos mais! Gritem muito algo!
E um clamor forte, imenso, capaz de transpassar as paredes, vibrou:
— Vem, Menino Jesus! Vem, Menino Jesus!
O medo, a dúvida, por um momento jugulados, podiam renascer, mas o sentido da camaradagem deu o impulso que as reuniu em torno daquela que se revelava "chefe" e esperava o milagre. Tinham os olhos fitos, não na porta, por onde poderia entrar o Menino, mas na parede branca, em que se destacava a figurinha de Ângela, e continuavam a repetir:
— Vem, Menino Jesus!

Nesse instante a porta abriu-se sem ruído, e as crianças pensaram que toda a luz do dia entrava por ela. Era uma claridade intensíssima, que crescia, crescia, como a chama violenta dum enorme fogo. No meio desse clarão, um globo cheio de luz. O medo invadiu-as, mas nem tiveram tempo para gritar ou fugir: o globo abriu-se e apareceu um Menino lindo e risonho, como nunca tinham visto. O Menino sorria sem proferir uma palavra, e todas sorriram também, tranquilas e contentes. Algumas garotas esfregavam os olhos, para melhor contemplarem o Menino vestido de luz, outras olhavam-nO de olhos espantados, sem pestanejarem. O Menino sorria, não falava, sorria para todas.

Depois o globo fechou-se, de mansinho, e desapareceu devagar. A porta cerrou-se sem que ninguém lhe tocasse, e as crianças emocionadas, os coraçõezinhos inundados de felicidade, sem uma palavra abraçavam-se, a chorar de felicidade. O Menino as ouvira! O Menino viera!

Que tempo durara a aparição? Uns instantes? Uma hora? Cada criança calculava a seu modo, ao testemunhar a aparição do Menino. Todas diziam: "Estava vestido de branco, e parecia um sol pequenino".

As crianças olhavam ainda a porta. Subitamente, um grito agudo quebrou a emoção desse silêncio. Aterrada, olhos esgazeados, braços estendidos, mãos enclavinhadas, a professora gritava como louca:
— Ele veio! Ele apareceu!
Em seguida fugiu, batendo com força a porta.
Ângela mexeu-se, enfim, como quem desperta dum sonho:
— Vocês viram?
— Sim, vimos!
— Ele é que trazia a luz — dizia uma.
— A luz do dia é negra, comparada àquela claridade — acrescentava outra.
— Vocês viram? — repetia Ângela — Ele existe!...

O mundo inteiro já conhece este fato. Mas agora devo dar o epílogo. A Sra. Gertrudes deu entrada num manicômio. O cérebro ressentiu-se do tremendo abalo que sofreu, e não cessava de repetir: "Ele veio! Ele veio". Tentei visitá-la. Em vão, pois recusam absolutamente entrada aos padres nas casas de alienados. É que são freqüentes os casos de obsessão religiosa... Os profanadores de igrejas, em geral, acabam loucos. Todos os dias, ao celebrar a Missa, rezo por ela e por todos...

(trechos de: Maria Minovskca, in "Magnificat", Ano XVI, Nº 2, fevereiro/março de 1966 - Braga, Portugal)


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Em Defesa da Honra da Santíssima Virgem



            Até o momento em que escrevo, não tive notícia da retirada do quadro blasfemo pintado por Richa Hamilton e exposto na National Gallery de Londres.
O quadro distorce completamente uma das obras mais conhecidas do bem-aventurado Fra Angélico, a Anunciação, na qual o arcanjo São Gabriel anuncia a Nossa Senhora que Ela seria a Mãe do Messias.
Conservando o cenário original da obra, Richard Hamilton pintou uma mulher alada completamente nua representando o arcanjo, e no lugar da Santíssima Virgem também outra mulher nua, deturpando assim sacrilegamente o sentido do quadro.

              
                Durante a Paixão, Nosso Senhor Jesus Cristo suportou todas as ofensas feitas contra a Sua divina pessoa, mas em nenhum momento permitiu que tocassem em Sua Santíssima Mãe. Entretanto não hesitou em tecer duas vezes os chicotes com os quais expulsou, cheio de cólera, os vendilhões do templo. Mal posso imaginar o que teria ocorrido ao artista Richard Hamilton se Nosso Senhor, naquele período, o flagrasse pintando o seu amaldiçoado quadro.
                É indignante para qualquer católico autêntico, e de modo especial para os consagrados como escravos de amor a Nossa Senhora segundo o método de São Luiz Maria Grignion de Montfort, ver a Mãe de Deus e nossa sendo ofendida de tal maneira a propósito do acontecimento que é o fundamento da Redenção, quando Sua Honra brilhou de maneira inexcedível.
                Ademais, a Anunciação é considerada a festa dos escravos de Nossa Senhora, pois foi a ocasião em que com profunda humildade Ela proferiu a frase: “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a sua palavra”.

Outro aspecto que deve encher de indignação o coração dos católicos é a insinuação impura colocada por Richard Hamilton em seu quadro. Sabemos que Nossa Senhora, ao ser convidada para ser a Mãe do Messias, perguntou como isso daria, uma vez que Ela estava na determinação de não violar a Sua virgindade. E só aceitou depois de o Anjo afirmar que seria por obra e graça do Espírito Santo. Existe, portanto, um abismo insondável e intransponível entre a Virgem Puríssima e a mulher despudorada do pintor blasfemo.
Onde este encontrou a inspiração para tão infeliz composição? Por que tisnar aos olhos de quantos contemplem o quadro, a altíssima elevação com a qual a Anunciação brilha para os católicos? É o primeiro mistério do Santo Rosário!
Seria ele um obcecado sexual, um sexomaníaco, um sexolatra, dessa espécie de gente incapaz de ver qualquer coisa por outro prisma que não o sexual?
Além do mais é desonesto, por deformar, usando elementos idênticos, uma obra de arte de um Bem-Aventurado que a compôs com intenção absolutamente contrária.
Nenhum católico pode desejar que alguém vá para o inferno. Mas porventura não poderá ter sido este o destino do infeliz artista?
Ficaríamos alegres em saber que ele teve uma conversão profunda e se salvou – o que não é impossível, mas muito pouco provável. Neste caso, que se dirija ao Beato Fra Angélico e lhe peça perdão pelo efeito post histórico de seu quadro, e implore a Nossa Senhora que ponha fim a tal exposição e à péssima obra que produziu.
Mas caso ele tiver recusado todas as instâncias da misericórdia de Deus e morrido ímpio, a justiça de Deus há de aumentar-lhe consideravelmente os sofrimentos como paga por tão nefando quadro contra a Santíssima Virgem.

domingo, 30 de setembro de 2012


A revista Placar não encontrou outra maneira de ilustrar um fato envolvendo o jogador de futebol Neymar do que substituir, na imagem de Nosso Senhor crucificado, a cabeça do Redentor pela do jogador.


Embora a CNBB tenha protestado, o fez muito fracamente. E a revista pediu desculpas “a quem se sentiu ofendido”; mais cínica não podia ser.
Os católicos têm o dever de repudiar esse fato com uma fortíssima indignação, caso contrário ficará patente uma grande falta de amor a Nosso Senhor.
Porém há outro aspecto que precisa estar presente: estamos entrando num período de perseguição religiosa explícita, que acarretará seríssimas consequências caso, nós católicos, não reajamos à altura.
Não me refiro à indignação fanática e descabelada dos muçulmanos, mas à reação ponderada, séria, profunda e eficaz como, por exemplo, nos ensinou Nosso Senhor em Sua vida na terra.
As blasfêmias se multiplicam e nada acontece aos fautores. Coincidência?
Não seria razoável que a revista Placar fosse obrigada a fazer um desagravo a Nosso Senhor?
Por exemplo, estampar em sua capa um belíssimo crucifixo com a manchete:
Tende piedade de nós Senhor, porque pecamos contra Vós!
Seria justo.
Para com Aquele que faz e continuará a fazer Justiça com todos os homens...

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Ante a perda da terceira parte do rebanho católico


Os católicos que realmente levam a sério a prática da Religião, receberam com imensa consternação a notícia da diminuição gigantesca de irmãos na Fé.  O último censo apontou uma redução, em 50 anos, de praticamente um terço dos católicos no Brasil! Talvez já não sejamos mais o maior país católico do mundo.
Tal consternação se justifica principalmente pelo fato de que a Santa Igreja Católica Apostólica Romana ensina que fora d’Ela não há salvação. Esta verdade está inteiramente clara no Símbolo dos Apóstolos ou Credo: Credo in Unam Sanctam Catholicam et Apostolicam Ecclesiam. Creio na Igreja Una Santa Católica e Apostólica.
Ensina o Catecismo da Igreja Católica: “Fora da Igreja não há salvação: Como deve entender-se esta afirmação, tantas vezes repetida pelos Padres da Igreja? Formulada de modo positivo, significa que toda a salvação vem de Cristo-Cabeça pela Igreja que é o seu Corpo” (Parágrafo 846).
Portanto, a coerência de tal ensinamento nos leva à triste convicção de que as almas que rompem com a Igreja Católica, caso não se arrependam, correm sério risco de condenação eterna. Não nos esqueçamos, aliás, que Nossa Senhora quis confirmar a existência do inferno e a condenação das almas mostrando-o aos pastorinhos em Fátima, a 13 de julho de 1917.
Há, entretanto, outro fator preponderante para a consternação dos nossos; é o fato de os católicos estarem abandonando a Igreja por causa de uma força centrífuga autodemolidora, instalada no próprio seio d’Ela, conforme já apontou o Papa Paulo VI em dezembro de 1968.
Nossa Santa Religião está encharcada de elementos que a desfiguram inescrupulosamente vinte e quatro horas por dia, propulsionando assim, direta ou indiretamente, para a apostasia, as almas que buscam a autêntica espiritualidade da Igreja Católica.
Frustradas dentro da Igreja, decepcionadas com uma quantidade não pequena de pastores mal orientados, sentindo-se repelidas por suas apetências coerentes com a Fé, acabam se excluindo, cheias de perplexidades, em razão de sua consciência duramente violentada. Não as justificamos, estamos apenas descrevendo o fenômeno. Caberia permanecer na Igreja em estado de resistência contra os maus católicos. Mas é inegável que essas almas têm essas atenuantes.
Basta viajar pelo interior do Brasil para deparar com uma quantidade incontável de escândalos morais, litúrgicos e doutrinários que transudam numa incontável quantidade de paróquias. Fiéis perplexos, desorientados, vazios, se dispersam, como ovelhas desgarradas pelos campos, à mercê dos lobos espertos que logo as acediam com suas charlatanices, heresias e marketing pseudoreligioso.

Pobres almas remidas por Nosso Senhor Jesus Cristo. Quem tem pena delas?
Quantas autoridades religiosas só tratam de assuntos materiais e temporais, dir-se-ia que perderam a Fé. Dão palpites a propósito de tudo o que não lhes diz respeito, apoiando reivindicações sociais sempre voltadas para a esquerda, muitas vezes contrárias à doutrina e à moral da Santa Igreja; enquanto as almas se  desviam aos borbotões. “Pelos seus frutos vós os conhecereis” diz São Mateus, e os frutos aí estão. Uma diminuição enorme de católicos.
Apesar dos números reveladores e das evidências, a obstinação em caminhar pelas vias do “progressismo”, da teologia da libertação, de práticas inspiradas no protestantismo pentecostal etc., é determinada.
Será por um consciente espírito autodemolidor?
Para dar um exemplo que endossa essas considerações, a má vontade e incompreensão que sofrem vários sacerdotes desejosos de, apoiados no Motu Próprio de Bento XVI, celebrarem a Missa Tridentina.
Há sacerdotes relegados , por causa disso, a celebrar fora das cidades, em sítios distantes, em condições  materiais precárias, em sensível pobreza. Outros vivem numa perpétua insegurança sobre o que lhes pode acontecer, pelo fato de serem conservadores, desejarem celebrar o ritual tradicional e usarem batina.
Não faltam bispos que colocam toda sorte de dificuldades para permitir a celebração da Missa tradicional, que, não obstante, ganha cada vez mais adeptos.
Não será que essa tendência conservadora pode começar a recuperar o terreno perdido? Por que não favorece-la mais?
Além disso, respeitáveis senhoras são ridicularizadas publicamente até por sacerdotes durante as missas, por se apresentarem de véu para comungar. Ao mesmo tempo, moças indecorosamente vestidas recebem livremente a comunhão.
A outros se lhes nega a absolvição pelo fato de se confessarem conforme aprenderam no catecismo e não - para usar uma expressão utilizada por alguns confessores – segundo a “moda atual” de confissão na Igreja, que mais parece “um papo” do que uma acusação dos pecados.
Chegamos ao ponto de sacerdotes afirmarem publicamente: “Aqui o Papa não manda nada” etc... Conheço testemunhas de todos esses fatos.
Enquanto isso, as almas vão se esfriando, apagando, se retirando, abandonando nossa Santa Igreja. Contudo, para muitos clérigos, este fato parece não causar dor nenhuma. Continuam sua marcha demolidora da Igreja e mortal para as almas.

Serão eles realmente pastores? Aqueles que, segundo Nosso Senhor, dão a vida pelas suas ovelhas? Ou serão lobos com pele de ovelha, o sal que não salga? A pergunta fica colocada.
Imagino quanto esta situação faz sofrer os autênticos pastores de Nosso Senhor!
Em qualquer caso, independente de quantos o traiam, certíssimo é que Nosso Senhor é a cabeça da Igreja, e que Esta constitui Seu Corpo Místico. A parte humana da Igreja é sujeita a erros, mas o seu caráter divino e infalível é inatingível pela conspurcação dos seus inimigos, especialmente dos que, a partir de dentro A traem – de acordo com a constatação de Paulo VI lembrada acima.

Conforme prometeu Nosso Senhor, “as portas do Inferno não prevalecerão contra Ela”; portanto, a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, a única Igreja verdadeira do único Deus verdadeiro, vencerá a todos que lutam contra Ela. Sejam eles quem e quantos forem.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Quanto duas esculturas “falam”!



Ladeando num desses dias a Praça Buenos Aires com suas árvores vistosas e seu verde exuberante, detive-me para prestar atenção no que se passava dentro de suas grades. 
Vi pessoas correndo mais ou menos rapidamente, conforme o ritmo permitido pelas respectivas idades, buscando estender a duração de suas vidas. Observei outras que, distendidas sobre o gramado, ou brincavam com crianças coradas de saúde, ou simplesmente se relaxavam para neutralizar o estresse.
Especial animação havia num espaço reservado aos cães de estimação, verdadeira “elite” cumulada com o xodó mais extremo por seus donos, e cujo número talvez fosse maior que o das crianças. Vi ainda um ou outro casal de idosos caminhando lentamente, enquanto escorria o tempo de seu “far-niente” imposto pelos anos.
O imponderável geral era um ambiente onde todos fruíam uma sensação de estabilidade inabalável. Tive forte impressão de que ali ninguém estava preocupado com a sinistra situação para a qual o Brasil vai sendo inescrupulosamente empurrado: um abismo que o desfigurará por completo, pondo fim à ilusória felicidade de tantos brasileiros, se a Providência não detiver essa marcha macabra.
De dentro da agradável omissão ‘avestruzesca’ na qual se encontram, muitos não atentam para a concomitância com a qual acontecimentos gravíssimos estão ocorrendo ou em vias de ocorrer. Enumeremos alguns deles.
1º.  Apesar de mitigado na Câmara dos Deputados, o novo Código Florestal que deverá ser sancionado ou vetado por Dilma constitui um golpe vital na produção agrícola do País, que perderá 43 milhões de hectares atualmente produtivos. Se for vetado, seu substituto será ainda pior. A mais robusta força econômica do País está sendo literalmente engessada. –  Com que resultados?
2º. Uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) sobre Trabalho Escravo, a ser votada nos próximos dias na Câmara dos Deputados, colocará nas mãos do Estado uma fortíssima ferramenta de desapropriação, adelgaçando o direito de propriedade dos produtores à proporção de um “fio de linha”.  – Com que resultados?
3º. A Rio + 20 vem se revelando uma gigantesca articulação entre a ONU e inúmeros órgãos governamentais, entidades religiosas e todo tipo de Ongs, visando impor uma transformação radical, não só na economia, mas em todo o sistema de vida, em toda a maneira de ser dos civilizados, cuja próxima “evolução” seria voltar à vida tribal – condição para se salvar o Planeta!!! Balela desmentida por cientistas sérios e de grande nomeada. Em face da total desfiguração do País que a investida ambientalista pretende levar a cabo na Rio + 20, esta deveria mudar de nome e chamar-se Brasil – 500, porquanto liquidará com todo o nosso passado cristão. – Com que resultados?
E notem que não enumerei nem a tentativa “esperançosa” da aprovação das drogas, nem a equiparação do “casamento” homossexual ao tradicional, nem a implantação de cotas, nem a tão desejada liberação total do aborto etc.
Tudo isso vem sendo impingido ditatorialmente – ou está em vias de sê-lo – por instâncias que extrapolando de suas atribuições atuam sem o assentimento da opinião pública, a qual estão muito longe de representar.
Caso todas essas “inovações” constassem claramente do programa eleitoral, quais políticos dos que direta ou indiretamente nos governam teriam sido eleitos? 
Dessas coincidências que não têm explicação, a mesma Praça Buenos Aires sugere, por incrível que pareça, duas cogitações a quem tenha um pouco de profundidade de espírito. Para isso, basta deter-se diante das esculturas – muito visíveis e, sobretudo, simbólicas – que se encontram do lado da Avenida Angélica.


             Uma é a de um grande e belo cervo que, atacado por várias feras, vai se vergando majestosamente extenuado, mas sem perder o ânimo. É o símbolo do Brasil cristão, cercado de todos os lados pelos inimigos da Fé, de suas tradições cristãs, da altivez que lhe vem da Cruz que do alto do céu o ilumina, simbolizada pelo Cruzeiro do Sul, que lhe vem de Sua Rainha e Padroeira, Nossa Senhora Aparecida. – A este Brasil, maior país católico do mundo, poderosas forças anticristãs querem eliminar do panorama.

A outra escultura simboliza algo de igualmente grandioso: um esplêndido leão envolvido por uma imensa sucuri. Nobre, majestoso, corajoso, ele se debate para libertar-se da serpente, símbolo do demônio, que o envolve aspirando pela sua morte. Leão que representa as forças sadias autênticas do País, traídas e semiparalisadas por fatores os mais inesperados, mas que continuam a fazer todo o possível para impedir que o Brasil, representado pelo cervo da outra escultura, seja morto pelas feras que o dominam.

Ofereço aos leitores a relação simbólica entre as duas esculturas, pedindo-lhes reparar o seguinte: em ambas situações as vítimas do ataque não dão a impressão de que vão perecer, mas algo deixa viva a esperança de que algo ajudará o leão a se livrar, e que este libertará o cervo. Ambas parecem “falar” que isso se dará.

Como será? – Não sei dizer.
Mas Nossa Senhora Aparecida sabe...

sábado, 11 de fevereiro de 2012

A Garça e o Idealista, simbolismo magnífico!

O ser humano é constituído de corpo e alma.
Em outras épocas, relembrar esta verdade ao iniciar um artigo, seria uma banalidade antipática, uma vez que, para o comum das pessoas, era evidente a prevalência dos valores espirituais sobre os materiais, os físicos.
Lamentavelmente, em nossos dias, tornou-se necessário lembrar o óbvio, uma vez que o óbvio já deixou de ser óbvio em muitos aspectos. Poder-se-ia até se perguntar se essa cegueira para com o óbvio não mereceria ser qualificada de loucura.
Outrora era óbvio que o idealismo era um valor. O idealista era uma pessoa que almejava algo que estava acima dele e era mais do que ele, a que ele se dedicava com um amor maior do que aquele que tinha por seus interesses meramente pessoais. Evidentemente para ser autêntico tinha que ser um idealismo afim com Deus.
Atualmente, em consequência da liquidação de valores que domina o mundo, o idealista vai se tornando cada vez mais raro. O comum das pessoas vai se tornando cada vez mais materialistas e menos espirituais; por isso um esportista é muito mais valorizado do que um intelectual, por exemplo.
No texto que ofereço aos meus leitores, de autoria de Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, - para quem o conheceu pessoalmente e a sua história -, talvez o maior idealista do século XX, o equilíbrio que rege o verdadeiro idealista está muito bem expresso nas considerações em torno da garça. Comprovem:

“Há um bicho que sempre me encantou, e ao mesmo tempo me deixou meio desconcertado: a garça.
“Em primeiro lugar, por causa daquela cor branca nívea, que me agradava muito. Depois, aquela construção, se assim se pode dizer, pela qual a garça tem aquele pelote branco, de onde sai um pescoço delicado e elegantemente torneado, com uma cabecinha para ter olhos e narinas e um bico muito grande, dando a impressão de capacidade de captar, de prever e agir à distância. E tudo sobre duas perninhas muito fininhas. À primeira vista tem-se a impressão de que flutua no ar, e que a garça não está pisando em nada. Só se percebe que ela se move numa ocasião, quando num passo elegante, com aquelas pernas compridas, abre a pata de palmípede e marcha. Ela anda com tanta finura e autoridade, no minúsculo território onde ela é rainha, que dá gosto, a quem aprecia o princípio da autoridade, ver a garça mover-se.
“Se ela fosse capaz de pensar, faria um raciocínio assim: “Que vida eu levo! Tenho pernas tão frágeis, que qualquer coisa me quebra. Sou feita para andar no meio dos pântanos e para encontrar minha comida nos vermes que todo mundo reputa sujeira. Eu sou, na minha brancura nívea, uma coletora de insetos. Meu bico tão comprido, tão seletivo, tão exigente, é um captador de coisinhas, vermículos e porcarias. Que vida eu levo!”
“Como ela deveria achar triste a sua vida.

“Em determinado momento, algum instinto se move nela, ela abre suas asas e voa. Adeus, pântanos! Adeus, insetos! Ela também tem o ar. Além de tudo ela tem as vastidões, o sol que bate nas suas asas e a torna rutilante como se fosse feita de neve. Ela corta o ar com um vôo muito mais elegante do que a elegância de seus passos, e ela vive os seus grandes dias.
“Assim são também os homens idealistas, obrigados a fazer na vida de todos os dias a coleta do indivíduo, que diante desta grande perspectiva é quase um inseto. É no pantanal das indecisões e incompreensões que é preciso viver.
“Mas a Providência dá horas em que a garça voa, em que o homem de ideal voa também. São as consolações celestes, as recompensas e as horas em que a TFP (fundada por ele), por exemplo, pode abrir largamente as suas asas diante de todo o mundo e brilhar, refletindo na sua alvura e na pureza de seus ideais, no rigor de sua ortodoxia, no entusiasmo de sua dedicação, sem intuito de remuneração nem recompensa terrena, a santidade do próprio Deus, como a garça reflete o brilho do próprio sol.”