Em face da inusitada abdicação de Bento XVI, estamos na iminência de um conclave para eleger o novo Papa.
É corrente e inteiramente conforme com a verdade admitir a ação do Divino Espírito Santo nessa ocasião.
Mas cumpre esclarecer que, contrariamente ao que muitos pensam, o Espírito Santo não age sozinho.
A escolha será feita por homens — no caso, por cardeais, livres para corresponder ou não às inspirações do Paráclito —, de tal forma que, ao sair o novo Papa, não se pode pura e simplesmente dizer que foi o Espírito Santo que o escolheu.
Quantas vezes o Espírito Santo se tem deixado “derrotar” por injunções políticas dos homens, para castigo destes!
Aliás, o vaticanista norte-americano John Allen reproduz as seguintes palavras de Bento XVI, quando perguntado sobre o papel do Espírito Santo na eleição dos Papas:
“Eu não diria, no sentido de que o Espírito Santo escolhe o Papa. [...] Eu diria que o Espírito Santo não assume propriamente controle da questão, mas que, como bom educador que é, nos deixa muito espaço, muita liberdade, sem nos abandonar inteiramente. Portanto, o papel do Espírito Santo deveria ser entendido num sentido muito mais elástico, não de que Ele dite o candidato no qual devemos votar...”.
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Foi pensando em tudo isso que me veio à mente a enorme
expectativa criada pelo lulo-petismo em torno do anterior conclave que elegeu
Papa o então Cardeal Ratzinger, em 2005.O PT esperava ver alçado à direção suprema da Igreja um cardeal brasileiro que simpatizasse com sua causa, pois, diziam seus líderes, para a vitória definitiva do socialismo no Brasil e na América Latina, só precisavam de um Papa que os apoiasse. E Dom Cláudio Hummes, Arcebispo de São Paulo, estava então no centro da preferência dos petistas.
Essa expectativa, como se vê, não se realizou. E, apesar de aparelhado nestes últimos dez anos, o governo petista continua desnorteado, pois não conta com o apoio da opinião pública majoritariamente católica. E seu malogro nas últimas eleições municipais só não foi maior, porque obteve nos meios eclesiásticos de São Paulo, alguém que foi decisivo para a vitória do marxista Fernando Haddad.
Mas pode-se perguntar: se a expectativa petista para o conclave de 2005 tivesse se verificado, a escolha teria sido inspirada pelo Espírito Santo?
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