quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Os mais provados na Fé da história

Talvez este seja o artigo mais doloroso que eu tenha escrito em anos de redator. Isto mesmo! Mas nossa consciência clama para que falemos do que segue.

Iniciaram-se em Roma os preparativos para o Sínodo dos Bispos de 2023. Sínodo este que, conforme afirmou Dom Walmor, Arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, dá início ao processo mais radical de mudança dentro da Igreja já feito até agora.

A primeira dessas mudanças é uma como que “consulta popular” feita pelos bispos entre os fiéis do mundo inteiro, de como acham que deve ser a Igreja. Em função do que pensar o conjunto mundial de católicos, praticantes ou não, vivendo em pecado grave ou não, incluindo sacerdotes, freiras e leigos em geral, os bispos decidirão o que vai ser a Igreja Católica de então para a frente.

Ou seja, passamos de uma Igreja que, por instituição divina, é hierárquica e monárquica na pessoa do Papa, para uma Igreja “democrática” e igualitária, composta até por leigos que decidirão “democraticamente” sobre a fisionomia e o governo da Igreja

Assim, de nada vale a Revelação, feita desde o início da criação do homem; de nada vale o depósito da Fé deixado por Nosso Senhor aos Apóstolos; de nada vale Jesus Cristo ter dito que “passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão”. De nada vale a afirmação de Nosso Senhor a São Pedro, de que “tu es pedra e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. Tudo isso não valerá mais nada. O que irá valer é como cada “católico” quer que a Igreja seja! Será a “Igreja” do sufrágio universal.

Isso equivale a afirmar que a Igreja Católica, tal como Nosso Senhor a instituiu, está cancelada: não existe mais! E TODAS essas pessoas que ao longo de vinte e um séculos creram n’Ela, se enganaram, seguindo uma igreja de quimera.

Aqui se põe uma pergunta crucial: isso tudo não implica numa verdadeira apostasia? E se alguém, de alto a baixo do mundo católico, aderir a isto, não se coloca automaticamente fora da Igreja?

Como mero leigo, não tenho como responder à pergunta, pois envolve problemas teológicos e canônicos que não conheço.

Mas tenho, como todo bom católico, o sensus fidei, o senso da Fé suficiente para compreender que há anos presenciamos uma avalanche de escândalos ocorrendo dentro da Igreja, especialmente da parte de certo clero, a respeito dos quais tomam-se medidas paliativas absolutamente insuficientes.

  Uma comissão de leigos fez uma pesquisa que apontou, só na França, a ocorrência de 216 mil casos de abusos de menores por parte de clérigos desde os anos 1950. É uma barbaridade! Pode-se até questionar a idoneidade dessa pesquisa, mas quem pode negar que em alguma medida isso aconteceu? Nossa Senhora de La Salette havia afirmado: o clero se tornou uma cloaca de impureza.

O Papa Francisco se disse “entristecido” com essa constatação. E disse que isto era uma vergonha para a Igreja. Ele tem razão. Mas nessa avaliação ele omitiu o quadro total, que é o seguinte.

A Santa Igreja Católica Apostólica Romana é Santa, é a Esposa Mística de Cristo, é indefectível. Portanto, quem se corrompeu foi uma imensa parte do elemento humano d’Ela, ou seja, o clero e os membros da Hierarquia. E a esses, o Papa Francisco não fez críticas. As declarações dele acabam por criar a falsa impressão de que a culpada é a Santa Igreja enquanto instituição, a qual precisa ser reformada e transformada por inteiro. Daí o Sínodo dos Bispos reformador de 2023, convocado por ele.

A pergunta que salta aos olhos, e não aparece em lugar algum, é: quem corrompeu uma tão grande parte do clero? Quais são os reais culpados do clero ter sido invadido por pessoas absolutamente fora do seu verdadeiro perfil?

A verdadeira culpada não é a Igreja, mas quem, dentro da Igreja, não teve a santa intolerância contra o mal ideológico e moral que n’Ela penetrou impunemente, sobretudo nos seminários e nas instituições católicas. E quem abriu as portas para os aggiornati, os modernistas, os progressistas, os adeptos da Teologia da Libertação. Sobre eles pura e simplesmente não se fala, e inclusive vemos alguns de seus próceres, como D. Helder Câmara, ser posto na fila para ser canonizado por Francisco I.

 

Mas também são culpados os clérigos moles, que não querem ter nenhum tipo de incômodo. E deixam, por exemplo, comungar, na frente de toda uma multidão na igreja, mulheres semidespidas, que entram desinibidamente de mini-shorts, minissaias e decotes escandalosos no recinto das igrejas.

Isto, não raro, depois de ouvir do próprio “presidente da assembleia” que Deus não pune ninguém e que o inferno não existe, e que todo mundo acaba dando um jeitinho de ir para o céu sem ter de cumprir os seus Mandamentos. E se alguém for reclamar com o vigário, melhor dizendo, com o “presidente”, corre sério risco de levar uma ducha de água fria, quando não de ser acusado de intolerante, discriminatório, com ódio no coração.

  Foi nesse clima – e só mencionei um aspecto – que os 216 mil casos que entristeceram Francisco foram acontecendo de modo relaxado e impune.

  Acrescente-se a tudo isto a matéria publicada pelo Fratres in Unum, que nos põe a par de um relatório elaborado neste ano pela “Comissão Independente sobre Abusos Sexuais na Igreja” (CIASE), conhecida como “Comissão Sauvé”, o qual afirma: 80% dos abusos sexuais na Igreja foram de caráter homossexual.

  Um outro relatório publicado na Pensilvânia (EUA) em 2019 contabiliza que 80% dos abusos sexuais praticados pelo clero foram abusos homossexuais.

  Tire quem ler estas linhas as suas próprias conclusões.

  Doutor Plinio Corrêa de Oliveira disse por volta do ano 1990 que “Nós seriamos os católicos mais provados na Fé da História.”

  Como temos a certeza ditada pela Fé, de que a Igreja é santa e indefectível, conforta-nos o aparecimento, de cá, de lá e de acolá, de sintomas que em todo o mundo vai aparecendo meio milagrosamente, de uma reação regeneradora que prenuncia a vitória do Imaculado Coração de Maria! É Nossa Senhora falando no fundo das almas, o que nos dá enorme esperança e alimenta em nossos corações a certeza da vitória!. 

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